Um poema

“O coração tem dois quartos:
Moram ali, sem se ver,
Num a Dor,
Noutro o Prazer.
Quando o Prazer no seu quarto
Acorda cheio de ardor,
No seu, adormece a Dor…
Cuidado, Prazer! Cautela!
Canta e ri mais devagar…
Não vá a Dor acordar…”

Friedrich Rückert (numa tradução de Antero de Quental)
(citação do livro, Por Amor ao Ideal de Inácio Ferreira/Carlos Baccelli)

Considero que a riqueza das palavras não vem da dificuldade da sua interpretação, mas da mensagem que transmitem. O prazer que sinto na leitura vem do fato de entender o que leio e não de precisar de dicionário para ler. Hoje não estragaria o meu prazer de ler carregando o livro como peso. Nada substitui uma boa leitura, mas uma boa leitura, não pode ser uma leitura difícil. Uma boa leitura precisa ser prazerosa. Acredito que por esse motivo Paulo Coelho é tão lido. Mas isso é muito bom, embora não consiga ler o que ele escreve, mas difundiu o prazer de ler. Isso é de suma importância.
Existem os leitores que fazem questão de citar as obras que lêem como referência da sua cultura erudita. No meu caso, acumulo experiência com a leitura. Deixo a sabedoria para os intelectuais. Sou simples no que faço e no que leio. Já li muito Filosofia, e, de Kant a Sartre, passando por Kierkgaard, nada vi que não fosse a repetição do que falava, claramente Sócrates.
Sou adepta do existencialismo e esse poema é o que eu gostaria de ter escrito, se eu soubesse escrever.
O pequeno poema nos transporta para o nosso interior de forma leve e romântica, que aquece e alerta.
Espero que gostem.